terça-feira, 19 de julho de 2011

Educadores e a construção do diálogo

Ainda falando sobre educação, lembrei-me de um autor merecedor de muitas referências pelos profissionais de RH, Paulo Freire.
Um dos papéis do RH é formar, ensinar, educar e devemos tomar um imenso cuidado ao assumirmos o papel de educador para que não caíamos na armadilha da "Educação Bancária", subindo em um pedestal de conhecimento e egocentrismo. Por este motivo destaquei o texto abaixo:

EDUCAÇÃO DIALÓGICA E DIÁLOGO


Não há diálogo, porém, se não há um profundo amor ao mundo e aos homens. Não é possível a pronúncia

do mundo, que é um ato de criação e recriação, se não há, amor que a infunda5.

Sendo fundamento do diálogo, o amor é, também, diálogo. Daí que seja essencialmente tarefa de sujeitos

e que não possa verificar-se na relação de dominação. Nesta, o que há é patologia de amor: sadismo em

quem domina; masoquismo nos dominados. Amor, não, Porque é um ato de coragem, nunca de medo, o

amor é compromisso com os homens. Onde quer que estejam estes, oprimidos, o ato de amor está em

comprometer-se com sua causa. A causa de sua libertação. Mas, este compromisso, porque é amoroso, é

dialógico.

Como ato de valentia, não pode ser piegas; como ato de liberdade, não pode ser pretexto para a

manipulação, senão gerador de outros atos de liberdade. A não ser assim, não é amor.

Somente com a supressão da situação opressora é possível restaurar o amor que nela estava proibido.

Se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo os homens, não me é possível o diálogo.

Não há, por outro lado, diálogo, se não há humildade. A pronúncia do mundo, com que os homens o

recriam permanentemente, não pode ser um ato arrogante.

O diálogo, como encontro dos homens para a tarefa comum de saber agir, se rompe, se seus pólos (ou

um deles) perdem a humildade.

Como posso dialogar, se alieno a ignorância, isto é, se a vejo sempre no outro, nunca em mim?

Como posso dialogar, se me admito corno um homem diferente, virtuoso por herança, diante dos outros,

meros “isto”, em quem não reconheço outros eu?

Como posso dialogar, se me sinto participante de um “gueto” de homens puros, donos da verdade e do

saber, para quem todos os que estão fora são “essa gente”, ou são “nativos inferiores”?

Como posso dialogar, se parto de que a pronúncia do mundo é tarefa de homens seletos e que a presença

das massas na história é sinal de sua deterioração que devo evitar?

Como posso dialogar, se me fecho à contribuição dos outros, que jamais reconheço, e até me sinto

ofendido com ela?

Como posso dialogar se temo a superação e se, só em pensar nela, sofro e definho?

A auto-suficiência é incompatível com o diálogo. Os homens que não têm humildade ou a perdem, não

podem aproximar-se do povo. Não podem ser seus companheiros de pronúncia do mundo. Se alguém não

é capaz de sentir-se e saber-se tão homem quanto os outros, é que lhe falta ainda muito que caminhar,

para chegar ao lugar de encontro com eles. Neste lugar de encontro, não há ignorantes absolutos, nem

sábios absolutos: há homens que, em comunhão, buscam saber mais.

Não há também, diálogo, se não há uma intensa fé nos homens. Fé no seu poder de fazer e de refazer. De

criar e recriar. Fé na sua vocação de ser mais, que não é privilégio de alguns eleitos, mas direito dos

homens.
 
Extraído do livro "Pedagogia do excluído" de Paulo Freire.
 
Abraços,
Alexandre Lopes

Um comentário:

  1. Fala Alê,

    Como andam as coisas? Soube que está trabalhando do o Adilson, fiquei super feliz por tí.

    Agora esse blog vai hein??? Três posts neste mês ... kkk

    Manda noticias,

    Abraço,

    Luis

    ResponderExcluir